sexta-feira, 13 de maio de 2011

CARTILHA BRASILEIRA DE TEATRO DE SOMBRAS



O texto abaixo é de autoria de Alexandre Fávero e compõe o terceiro capítulo de sua Cartilha Brasileira de Teatro de Sombras e pode ser consultada no blog dramasombra.blogspot.com.
As fotos são da oficina ministrada por ele para a turma de Montagem Teatral.


Dicas para trabalhar com a sombra


-Não perca a sua própria e as demais sombras de vista. Isso vale para projeções de objetos, figuras e silhuetas.

-Amplie ao máximo a visão periférica e exercite o olhar oblíquo, de canto de olho. Não é necessário olhar diretamente para a sombra, mas é fundamental mantê-la no campo de visão periférica. Pratique a mirada rápida e o olhar em varredura apenas com os olhos, sem movimentar a cabeça. A dissociação de movimentos é fundamental para alcançar esses resultados. Se a ação necessita de uma oposição ao campo visual, alterne movimentos que resgatem o olhar atento à cena.

-Diferencie liberdade criativa e rigor técnico durante as brincadeiras, nos jogos, na criação de cena, na improvisação, na marcação e na direção. Cada momento exige um nível de atenção diferente. Saiba aproveitar ao máximo cada um deles!

-A sombra corporal necessita de telas e espaços grandes. As sombras podem ser comparadas com os animais - quando acuados reagem de forma imprevisível. Espaços restritos podem apresentar timidez, desobediência, desprezo e revolta. Cultive a generosidade espacial com a sombra corporal!

-Utilize e exercite a voz como ferramenta expressiva durante a atuação. As sombras falam e cantam através do nosso corpo. Ajude-as!

-Concentre-se antes de cada experiência, exercício ou treinamento, mas sem tencionar o corpo. Busque e encontrar o conforto físico durante a atuação. O público percebe claramente quando as sombras não estão à vontade e isso depende da consciência corporal.

-Tenha vigor, energia e potência sem perder a elegância, leveza e sutileza nos movimentos. As sombras devem fluir como um poema declamado, alternando sempre que possível os ritmos para evitar a monotonia. Isso pode ser alcançado imprimindo nas dinâmicas situações cênicas que sugiram a repetição, alternância descontínua, explosão repentina, imobilidade, tensão, sincronia, espelhamento, diluição, desequilíbrio e outras qualidades sugestivas. As coreografias da dança oferecem boas referências. 

-Seja econômico na aplicação da energia cênica. A cena dramática exige fôlego para ter continuidade.

-Atue com objetividade e ritmo na cena. Precisão e rapidez fora de cena.

-Simplicidade antes da complexidade torna a informação mais clara. Comece com o óbvio e desdobre-o em algo surpreendente para si e para os outros.

-Vá direto ao objetivo e não abuse de efeitos. O mais difícil é ter a história, depois disso, os suplementos da cena fazem mais sentido.

-Quando as projeções são dirigidas ao público, as sugestões podem funcionar melhor do que diversas intenções calculadas e discutidas nos ensaios. A intuição e a capacidade investigativa precisam de rigorosa avaliação para encontrar a simplicidade.

-Durante as experiências coletivas, onde é importante o jogo cênico, indique de forma clara quais as intenções. Telegrafe, preparando cada próxima ação de forma óbvia para que o colega perceba e interaja com segurança. Ritmos mais lentos são importantes para a segurança coletiva nas primeiras experiências.

-Nas experimentações contracene com o foco de luz, utilize conscientemente o espaço, simplifique as idéias e amplie a expressividade da sombra. A potência dessa arte está ligada ao simbolismo e às metáforas mais universais.

-Registre em texto, desenho, foto ou vídeo as idéias e sensações. A experiência necessita de planejamento, objetividade, observação e avaliação dos resultados.

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